Sorte de um amor tranquilo

Eu quero a sorte de um amor tranquilo. E não o falo só porque a frase virou modinha.
Quero a sorte de um amor que me acompanhe e me entenda, ou pelo menos tente. Quero tentar ser o que quero de alguém, para o outro. Quero ser surpreendida. Monotonia nunca fez parte dos meus objetivos, e não te quero na minha vida para isso.
Quero a sorte de um amor sem drama, onde o sexo não é tabu, onde toalha molhada sobre a cama não é uma gafe, onde ser ruim na cozinha não me torne menos mulher e gostar de festas não seja crime. A sorte de um amor que me entenda, que o olho no olho seja a diferença, que a respiração descompassada seja interpretada.

A sorte de alguém que entenda meu mau-humor e minha boca sem pudor, que fala o que pensa. Quero a sorte da honestidade, do olho no olho mostrar a verdade e que dela eu não tenha dúvidas. De um amor inteiro, que não mede seus carinhos ou gestos, que não precisa comprar flores e encher um cartão de corações para provar que é real. A sorte de alguém sem frufrus ou enfeites, que não manipule as palavras, que não tente me agradar.
Não quero uma pessoa agradável, quero alguém real. Que tem seus dias ruins e vários defeitos, mas que a surpresa das qualidades compense. Alguém onde o toque seja mais forte que o monte de palavras que chega por um sms. Onde os dias não se tornem fardos e ter de vê-lo não seja inoportuno. Que possamos viver sem mimimis ou cobranças exageradas. Porque, se eu te escolhi e tu me escolheu, somos escolhas e não cobranças. Sem por ques exagerados, desconfianças absurdas, ciúmes obsessivos.

Sem possessão injustificável, porque gostar não é ter, eu não te tenho e tu não me tens, nós nos doamos.  

—Bruna Barp